terça-feira, 26 de outubro de 2010

Parceria Total


Como ideal a ser levado a sério e bem usufruído, o casamento é um contrato de parceria de duração contínua, assumido espontaneamente entre um homem e uma mulher, por força e obra daquele sentimento que acompanha o ser humano desde a criação, a que se dá o nome de amor.

Casamento não é dominação de um sobre o outro. Nem dele nem dela. É parceria. Parceria a vida inteira. Parceria total. Parceria em tudo:

  1. Na troca de atenções
  2. Na manutenção da paz
  3. Na liberdade da queixa
  4. Na generosidade do perdão
  5. No progresso da cordialidade
  6. Na economia do lar 
  7. No governo da casa
  8. Nas responsabilidades domésticas
  9. Nas compras e nas vendas
  10. Na eventualidade das mudanças
  11. No traçar dos alvos
  12. Na semeadura prolongada
  13. Na colheita dos frutos
  14. Na alegria e na fartura
  15. Na adoração e nas ações de graça
  16. No planejamento familiar
  17. Na realização sexual
  18. Nos nomes dados aos filhos
  19. Na educação dos filhos
  20. No exemplo a ser mostrado
  21. Na devoção religiosa
  22. Na santificação do lar
  23. No aperfeiçoamento do caráter
  24. Na privação da soberba
  25. Na caminhada rumo à plenitude da salvação
  26. Nos cuidados com a saúde
  27. No sofrimento da doença
  28. No derramar das lágrimas
  29. No enfrentamento da morte
  30. Na maneira de lidar com as perdas

 
Um casamento assim, caracterizado pela parceria a vida inteira, pela parceria total, chega aos 25 anos, chega aos 30 anos, chega aos 50 anos, chega aos 70 anos, como o do arquiteto Oscar Niemeyer. Em um casamento assim, comemoram-se todas as festas de aniversário da união: as bodas de madeira, estanho, cristal, porcelana, prata, pérola, coral, rubi, ouro, diamante, ferro e brilhante. Um casamento assim, só a morte acaba com ele.

Em alguns casos, nem a morte acaba com o casamento: antes de morrer no início de maio, o jurista e acadêmico Raymundo Faoro, de 78 anos, determinou que os restos mortais de sua esposa Pompéia fossem colocados no mesmo caixão, à altura de sua cabeça.

A parceria é uma estratégia essencialmente cristã, apropriada não só para a relação conjugal (entre o marido e a esposa), mas também para a relação familiar (entre pais e filhos, avós e netos, tios e sobrinhos, irmão e irmão, primo e primo) e para a relação eclesial (entre pessoas ligadas entre si não pelo sangue, mas pela adoção, por terem recebido graciosamente o “direito de se tornarem filhos de Deus”).

A prática da parceria é explícita na teologia do Novo Testamento. A expressão “uns aos outros” aparece várias vezes nas Epístolas de Paulo, Pedro e João:

“Amem-se sinceramente uns aos outros, porque o amor perdoa muitíssimos pecados” (1 Pe 4.8);

“Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal” (Rm 12.10);

“Aceitem-se uns aos outros, da mesma forma que Cristo os aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus” (Rm 15.7);

“Consolem-se uns aos outros com essas palavras” (1 Ts 5.18);

“Vivam em paz uns com os outros” (1 Ts 5.13);

“Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo” (Gl 6.2);

“Exortem-se e edifiquem-se uns aos outros, como de fato vocês estão fazendo” (1 Ts 5.11);

“Sirvam-se uns aos outros mediante o amor” (Gl 5.13);

“Tenham uma mesma atitude uns para com os outros” (Rm 12.16);

“Deixemos de julgar uns aos outros. Em vez disso, façamos o propósito de não colocar pedra de tropeço ou obstáculo no caminho do irmão” (Rm 14.13);

“Sejam humildes uns para com os outros” (1 Pe 5.5);

“Saúdem uns aos outros com beijos de santo amor” (1 Pe 5.14);

A parceria por toda a vida — parceria total — começa no amor, trafega pela renúncia, exterioriza-se no beijo — aquele gesto singelo, incontido e inefável — e afasta para sempre a idéia, o desejo e a necessidade da separação e do divórcio!

Nota: As passagens bíblicas foram retiradas da NVI — Nova Versão Internacional. Destaques da redação.

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